quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Entrevista de Nuno Madureira ao jornal Cidade de Tomar

Entrevista do Arquitecto Nuno Madureira, número 2 da lista "Saber Decidir" à Câmara Municipal de Tomar".

CT- Como se sente o segundo lugar numa lista à câmara municipal?
NM - Para mim, importante é a possibilidade de poder ter uma participação cívica na vida da Cidade e do Concelho.
Para tal, poder contribuir com ideias e conceitos que possam de maneira realista tornar Tomar uma melhor Cidade e Concelho para viver e trabalhar é não só um desafio mas sim uma obrigação.
Ser convidado para segundo lugar por Ivo Santos, foi sentido por mim como sinal que valeu a pena expressar a minha opinião e o meu inconformismo com o desempenho e postura do Executivo actual.
Também reconheço em Ivo Santos capacidade de decisão e liderança, de forma dialogante e empenhada, na resolução dos problemas e anseios dos Tomarenses.

CT - Tomar perdeu protagonismo ou estão a ser valorizados conceitos de regresso ao passado?
NM - Esta questão não está posta da melhor forma, na realidade não penso que haja perca de protagonismo da Cidade.
O que realmente acontece é que os Tomarenses se sentem inconformados com o rumo dos acontecimentos.
Foram afastados e ignorados nas tomadas de decisão nos últimos tempos sobre a sua cidade e o seu Concelho.
A sua participação que teria sido vital, foi desvalorizada.
O resultado é algo que não compreendem, que sentem inacabado e que não acreditam que seja concluído.
Quanto ao regresso ao passado, acho que no mesmo nem tudo foi mau assim como no presente também não é.
No entanto há que reconhecer que certos caminhos não têm rumo e voltar ao ponto onde sabíamos onde estávamos e o que tínhamos não é sinal de retrocesso mas sim de inteligência.

CT – Há falta de gosto nas obras da câmara, exemplo das rotundas?
NM - Falta gosto nas obras da Câmara, não hesito em afirmá-lo.
Tudo começa exactamente por aí, as obras não são da Câmara são dos Tomarenses.
Essa apropriação, feita pelo executivo e pelos seus técnicos, foi fatal no que se refere ao orgulho dos Tomarenses na sua Cidade.
No seu desenho e concretização, foi patente um secretismo e um total autismo face à população.
O resultado final é muito aquém do que Tomar e o Concelho mereciam.
São obras sem integração e inserção urbanística.
Primam por uma total ausência de detalhe e pormenor que conjugado com uma escolha de materiais na maior parte das vezes desajustados, não resultam em Património arquitectónico com valor, como os Tomarenses vêm noutros pontos do Pais.
Dotar a Cidade e o Concelho de infra estruturas e equipamentos é uma obrigação da Câmara, desvalorizar a imagem da Cidade não pode ser a outra face dessa moeda.

CT – Algumas razões para apoiar a sua lista?
NM -Apoiar a minha Lista é acreditar que a Câmara pode ser dialogante e solidária.
Significa que se acredita que o papel da Câmara é proporcionar condições para o desenvolvimento do Concelho e assegurar o bem estar da população.
A Câmara deve orgulhar-se e incentivar a capacidade de iniciativa individual, empresarial e associativa dos Tomarenses.
Deve acreditar e confiar, ao invés de condicionar e subjugar toda e qualquer inciativa que não praticada por si ou que não esteja de acordo com os desígnios do seu Executivo.

CT - Como se podem criar empresas e empregos no concelho?
NM - Claro que se podem criar empresas e emprego no concelho. Se tal acontece noutros concelhos, porque não em Tomar?
A centralidade de Tomar, o seu património arquitectónico e histórico, o encanto da paisagem, a afabilidade da sua população, a proximidade da albufeira do Castelo do Bode, as suas tradições e a mais que provada capacidade de empreendedorismo, tanto a nível individual, empresarial e associativo da sua população são sem dúvida, argumentos que propiciam que o concelho possa ser um exemplo de prosperidade económica.
Por falta de enquadramento e devido ao ambiente hostil que a Câmara Municipal de Tomar brinda a todos os que pretendem investir em Tomar, o concelho não se desenvolve.
A relação da câmara com os investidores não acalenta a iniciativa empresarial, a câmara não fomenta medidas estratégicas que conduzam à viabilidade processual de instalação e criação de empresas no concelho.
Ao invés da atitude que devia tomar, com as taxas que cobra, com a morosidade processual que inflige aos projectos dos investidores, com a postura que mantém de se imiscuir de forma paternalista e serôdia na definição do próprio negócio que lhe é alheio condena o investimento em Tomar.
Acresce a este facto o paradoxo de não se reconhecer à câmara qualquer legitimidade na aferição e validação da iniciativa privada e empresarial. A câmara como promotor de negócio tem sido o pior exemplo do que pode ser a gestão empresarial – obras que não cumprem orçamentos nem datas de conclusão, contratos de concessão ruinosos e adjudicações sem critério.
Mas, no entanto, os seus resultados económicos enquanto empresa, só não são mais calamitosos, pois são sempre compensados com a taxação hiper-inflacionada feita sob várias formas aos munícipes.

CT - Sente-se optimista em relação ao desenvolvimento do concelho e do país?
NM - Sinto-me bastante optimista. Terem aparecido tantas listas à câmara municipal é sinal de vitalidade e inconformismo.
Há pessoas que não estão na disposição que as suas vidas, o seu trabalho e o seu futuro estejam sujeitos a linhas de pensamento de gestão da cidade e município não participadas e partilhadas pela população.
Os últimos tempos foram sinónimo de autocracia teleguiada e os resultados falam por si.
A vida da cidade e do município tem de ser resultante de opções fruto de um verdadeiro debate democrático e representativo das vontades e necessidades dos municípes e não de condições e cenários de desenvolvimento impostos, mas completamente irreais, acessórios e inconcretizáveis.
Relativamente ao país também sou optimista. Acredito que temos capacidade de ultrapassar a crise por que passamos desde que sejam tomadas medidas que fomentem o empreendedorismo.

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